



A discussão sobre a identidade do design brasileiro é perpassada por uma tensão histórica, uma fratura exposta na psique cultural da nação, cunhada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues como o "complexo de vira-lata".


Nosso manifesto foi criado para ser um espaço de conversa sobre o futuro do design brasileiro. Ele é nosso, aberto, coletivo. No nosso documento aberto você pode entrar, ler, colocar sua ideia, discordar, contribuir. Qualquer um pode participar — seja designer ou não, qualquer pessoa interessada em transformar o campo, pensar novas possibilidades e construir junto com a gente. O nosso manifesto será revisitado e atualizado periodicamente, acompanhando as contribuições e aprendizados que surgem na caminhada coletiva. A porta está aberta e o convite é pra todo mundo que quer pensar e construir junto.
A discussão sobre a identidade do design brasileiro é perpassada por uma tensão histórica, uma fratura exposta na psique cultural da nação, cunhada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues como o "complexo de vira-lata".
ATUALIZADO EM: 20 DE NOV. 2025
Manifesto Des/Ruptiva
Decifra-me que te engulo.
Nós somos designers, artistas, criativos. Estamos cansados de fingir que nosso trabalho é neutro. Vamos falar a verdade, em voz alta: o design, como o praticamos, é a ferramenta que torna o capitalismo palatável. Design existe para o mercado. Design existe para gerar lucro.
Nós, designers, somos os escribas do capital. Desde o início. Os desenhos que fazemos tornam a exploração bonita. Transformam a destruição em objeto de desejo. Constroem as interfaces que fazem as pessoas acreditarem que essa prisão é a única realidade possível. E o capitalismo é prejudicial. É danoso. Destrói o planeta, explora pessoas, nos adoece.
Nós nos recusamos a abaixar a cabeça. Nós precisamos argumentar pelo otimismo radical. Nós recusamos o niilismo e o fim. O futuro é de quem sonha.
Nós sabemos disso porque sentimos na pele: o isolamento profissional, a solidão profunda, a desesperança, o vício, a ansiedade que não passa. Esses não são fracassos individuais. São sintomas normais e válidos de uma sociedade adoecida por suas próprias formas de poder. Sua solidão é estrutural. Seu desespero é compreensível. O seu cansaço é um sintoma político.
Mas nós nos recusamos a abaixar a cabeça. Nós precisamos argumentar pelo otimismo radical. Recusamos o niilismo e o fim. O futuro é de quem sonha. A mudança é dos corajosos que, num mundo robótico, acelerado e conveniente, decidem renunciar à conveniência e sonhar com um futuro diferente. Sonhamos com um mundo onde design não precisa ser lucro. Onde trabalhar não significa morrer em prestações. Onde criatividade é direito, não mercadoria. Um mundo de coisas bem-feitas porque todos terão as condições para fazê-las belamente.
Rejeitamos a farsa. Rejeitamos o mito do designer-herói, do gênio messiânico que, sozinho, salvará o mundo com um aplicativo. Rejeitamos a "guerra" interna: não existe luta moralmente significativa entre marketing e design, entre "cultural" e "comercial". Isso é uma distração cuidadosamente construída para que você não veja o real problema.
Acreditamos que a cura para o design é sair dele. Parar de falar de design só com designers. Conversar de design com não-designers. Trocar com
as outras pessoas, ouvir as opiniões delas, ter um interesse genuíno e curioso por outros seres humanos. Design, se é que essa palavra ainda nos serve, floresce da curiosidade. Da abertura. Do diálogo horizontal.
Nós admitimos: design, por si só, não muda nada. As pessoas mudam. A organização coletiva muda. E nós propomos uma ruptura. Uma ruptura com nosso próprio ego. Uma ruptura com a ilusão de que escolher "bons clientes" é resposta. Ken Garland na construção do manifesto First Things First pediu isso em 1964. Continuamos pedindo em 2000. Em 2020, quando assinamos o manifesto novamente, falávamos sobre justiça racial, sobre clima, sobre regeneração. Mas o que mudou? Nada.
Os manifestos foram absorvidos, domesticados, transformados em palestra motivacional sobre "design responsável". Porque crítica dentro do capitalismo é ainda capitalismo. É escolher qual prisão. É arrancar as grades e repintá-las da cor que você gosta. É fazer "design ético" enquanto o sistema continua gentrificando bairros, deslocando pessoas, destruindo comunidades.
Porque mesmo o trabalho de designers socialmente engajados com as melhores intenções pode ser instrumentalizado para servir à exploração. A estrutura permanece. Nós dentro dela, ainda explorados, ainda isolados, ainda fingindo que existe saída individual.
Acreditamos que a cura para o design é sair dele. Parar de falar de design só com designers. Conversar de design com não-designers. Trocar com outras pessoas, ouvir a opinião delas, ter um interesse genuíno e curioso por outros seres humanos. Design, se é que essa palavra ainda nos serve, floresce da curiosidade. Da abertura. Do diálogo horizontal. Design nasce quando a gente para de ser especialista e começa a ser humano. Quando escuta quem está na base, quem sente o peso da realidade primeiro. Design, design, design. A palavra "design" não cabe mais. A forma como fazemos "design" não cabe mais. Até quando vamos sustentar esse modelo? Será que não conseguimos lutar por uma sociedade onde não exista capitalismo, onde o design possa se tornar outra coisa? Uma prática coletiva, enraizada em comunidade, não separada de quem a executa e quem sofre as consequências.
Aqui entra a devoração. Oswald nos ensinou: não rejeite tudo do gringo, não aceite tudo submissamente. Devore com inteligência crítica. Transforme. Metabolize através de sua própria sensibilidade. Faça virar outra coisa. Porque design brasileiro não é fotocópia de modelo europeu. A ESDI tentou transplantação literal do ulmianismo alemão. Funcionou parcialmente. Criou vira-latismo estrutural: o bom design era aquele que dialogava com Europa. Design local era intuitivo, não profissional. Comemos sua teoria. Vomitamos Brasil. Não é rejeição. Não é submissão. É apropriação crítica. É conversão. É o processo de se tornar outro através da absorção inteligente do diferente. E também da diferença que vem de ser brasileiro, de ter vivido colonização, ditadura, exploração, e ter criado beleza apesar disso. Especialmente por isso.
Existe uma rachadura em tudo, e é por
aí que a luz entra.
Viva sua criatividade
e deixe ela tomar suas formas. Descubra-a
e seja vulnerável
na sua experimen-tação com outras pessoas.
Deixe sua comunidade te ajudar a descobrir quem você é.
Podemos não mudar o Mundo. Mas podemos mudar nossa comunidade. Podemos lutar por ela. Ouvir ela. Ir atrás. Podemos erodir o capitalismo de dentro para fora, como um cupim. Podemos devorar o sistema, como antropófagos. Podemos comer a estrutura lentamente até que ela desapareça não por explosão, mas por erosão. Por desgaste. Por ausência de sentido. Nós lutamos pelo lento. Pelo inconveniente. Pelo humano. Pelo imperfeito, falho e divergente. Nós lutamos pelo nosso direito de sermos imperfeitos, porque a beleza e o mistério da nossa humanidade estão justamente aí. Na rachadura. Na falha. Na imperfeição que a máquina não consegue padronizar.
Se tem algo verdadeiro sobre design, é que você nunca vai estar sozinho. Design é um ecossistema delicado sustentado por história compartilhada, respeito e amor também. As coisas não estão perdidas ou fadadas ao pior.
Tenha a coragem de acreditar em você, nas pessoas ao seu redor e nas que virão. Você não está perdido. Você está aqui. Pare de repetir esse mito de fim do mundo que vai te evadir para sempre. Construa uma vida em comunidade e valorize-a. Não tem nada mais glorioso na face da terra do que alguém que se recusa a desistir, que recusa a ceder ao seu lado pessimista e mesquinho, desencorajado, desiludido, e ao invés disso aprende, lentamente e dolorosamente, a aproveitar o sentimento de construir uma casa ao meio da neblina e da incerteza. Existe uma rachadura em tudo, e é por aí que a luz entra. Viva sua criatividade e deixe ela tomar suas formas. Descubra-a e seja vulnerável na sua experimentação com outras pessoas. Deixe sua comunidade te ajudar a descobrir quem você é.
Portanto, conclamamos nossos colegas, nossos amigos, nossos parceiros de profissão, especialmente os que chegaram antes e têm menos a perder: sejam críticos. Pensem no impacto do seu trabalho. Que valores estão atribuindo às coisas? Que tipo de mundo estão ajudando a construir? Não deixem que impeçam você de pensar por si mesmo. Estriem-se do ego. Do ego de "designer", do ego de "artista". Abracemos a curiosidade. Sejamos vulneráveis para tentar. Peçamos ajuda. Falemos com nossos colegas. Troquemos. Admitamos que o problema é estrutural. Não é você. Não é sua falta de criatividade. Não é seu portfólio ruim. É a estrutura. E estruturas mudam quando pessoas se organizam juntas. Quando descobrem que não estão sozinhas, que podem ser vistas pelo outro.
Toda revolução é coletiva. Independente de qual for. Peçam ajuda. Façam encontros. Conversem. Façam coletivo. Aqui e ali. Ao lado. Ao lado de quem você trabalha. Ao lado de quem você conhece. Imagine quando designers descobrirem o que conseguem ao se juntarem.
Devorar. Metabolizar. Vomitar Brasil.
Nosso manifesto foi criado para ser um espaço de conversa sobre o futuro do design brasileiro. Ele é nosso, aberto, coletivo. No nosso documento aberto você pode entrar, ler, colocar sua ideia, discordar, contribuir. Qualquer um pode participar — seja designer ou não, qualquer pessoa interessada em transformar o campo, pensar novas possibilidades e construir junto com a gente. O nosso manifesto será revisitado e atualizado periodicamente, acompanhando as contribuições e aprendizados que surgem na caminhada coletiva. A porta está aberta e o convite é pra todo mundo que quer pensar e construir junto.
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Criado por Coletivo Des/Ruptiva 2025 © /
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ATUALIZADO EM: 20 DE NOV. 2025
Manifesto Des/Ruptiva
Nós nos recusamos a abaixar a cabeça. Nós precisamos argumentar pelo otimismo radical. Nós recusamos o niilismo e o fim. O futuro é de quem sonha.
Decifra-me que te engulo.
Nós somos designers, artistas, criativos. Estamos cansados de fingir que nosso trabalho é neutro. Vamos falar a verdade, em voz alta: o design, como o praticamos, é a ferramenta que torna o capitalismo palatável. Design existe para o mercado. Design existe para gerar lucro.
Nós, designers, somos os escribas do capital. Desde o início. Os desenhos que fazemos tornam a exploração bonita. Transformam a destruição em objeto de desejo. Constroem as interfaces que fazem as pessoas acreditarem que essa prisão é a única realidade possível. E o capitalismo é prejudicial. É danoso. Destrói o planeta, explora pessoas, nos adoece.
Nós sabemos disso porque sentimos na pele: o isolamento profissional, a solidão profunda, a desesperança, o vício, a ansiedade que não passa. Esses não são fracassos individuais. São sintomas normais e válidos de uma sociedade adoecida por suas próprias formas de poder. Sua solidão é estrutural. Seu desespero é compreensível. O seu cansaço é um sintoma político.
Mas nós nos recusamos a abaixar a cabeça. Nós precisamos argumentar pelo otimismo radical. Recusamos o niilismo e o fim. O futuro é de quem sonha. A mudança é dos corajosos que, num mundo robótico, acelerado e conveniente, decidem renunciar à conveniência e sonhar com um futuro diferente. Sonhamos com um mundo onde design não precisa ser lucro. Onde trabalhar não significa morrer em prestações. Onde criatividade é direito, não mercadoria. Um mundo de coisas bem-feitas porque todos terão as condições para fazê-las belamente.
Rejeitamos a farsa. Rejeitamos o mito do designer-herói, do gênio messiânico que, sozinho, salvará o mundo com um aplicativo. Rejeitamos a "guerra" interna: não existe luta moralmente significativa entre marketing e design, entre "cultural" e "comercial". Isso é uma distração cuidadosamente construída para que você não veja o real problema.
Acreditamos que a cura para o design é sair dele. Parar de falar de design só com designers. Conversar de design com não-designers.
Trocar com
as outras pessoas, ouvir as opiniões delas, ter um interesse genuíno e curioso por outros seres humanos. Design, se é que essa palavra ainda nos serve, floresce da curiosidade. Da abertura. Do diálogo horizontal.
Nós admitimos: design, por si só, não muda nada. As pessoas mudam. A organização coletiva muda. E nós propomos uma ruptura. Uma ruptura com nosso próprio ego. Uma ruptura com a ilusão de que escolher "bons clientes" é resposta. Ken Garland na construção do manifesto First Things First pediu isso em 1964. Continuamos pedindo em 2000. Em 2020, quando assinamos o manifesto novamente, falávamos sobre justiça racial, sobre clima, sobre regeneração. Mas o que mudou? Nada.
Os manifestos foram absorvidos, domesticados, transformados em palestra motivacional sobre "design responsável". Porque crítica dentro do capitalismo é ainda capitalismo. É escolher qual prisão. É arrancar as grades e repintá-las da cor que você gosta. É fazer "design ético" enquanto o sistema continua gentrificando bairros, deslocando pessoas, destruindo comunidades.
Porque mesmo o trabalho de designers socialmente engajados com as melhores intenções pode ser instrumentalizado para servir à exploração. A estrutura permanece. Nós dentro dela, ainda explorados, ainda isolados, ainda fingindo que existe saída individual.
Acreditamos que a cura para o design é sair dele. Parar de falar de design só com designers. Conversar de design com não-designers. Trocar com outras pessoas, ouvir a opinião delas, ter um interesse genuíno e curioso por outros seres humanos. Design, se é que essa palavra ainda nos serve, floresce da curiosidade. Da abertura. Do diálogo horizontal. Design nasce quando a gente para de ser especialista e começa a ser humano. Quando escuta quem está na base, quem sente o peso da realidade primeiro. Design, design, design. A palavra "design" não cabe mais. A forma como fazemos "design" não cabe mais. Até quando vamos sustentar esse modelo? Será que não conseguimos lutar por uma sociedade onde não exista capitalismo, onde o design possa se tornar outra coisa? Uma prática coletiva, enraizada em comunidade, não separada de quem a executa e quem sofre as consequências.
Aqui entra a devoração. Oswald nos ensinou: não rejeite tudo do gringo, não aceite tudo submissamente. Devore com inteligência crítica. Transforme. Metabolize através de sua própria sensibilidade. Faça virar outra coisa. Porque design brasileiro não é fotocópia de modelo europeu. A ESDI tentou transplantação literal do ulmianismo alemão. Funcionou parcialmente. Criou vira-latismo estrutural: o bom design era aquele que dialogava com Europa. Design local era intuitivo, não profissional. Comemos sua teoria. Vomitamos Brasil. Não é rejeição. Não é submissão. É apropriação crítica. É conversão. É o processo de se tornar outro através da absorção inteligente do diferente. E também da diferença que vem de ser brasileiro, de ter vivido colonização, ditadura, exploração, e ter criado beleza apesar disso. Especialmente por isso.
Existe uma rachadura em tudo, e é por aí que a luz entra. Viva sua criatividade
e deixe ela tomar suas formas.
Descubra-a e seja vulnerável na sua experimen-tação com outras pessoas. Deixe sua comunidade te ajudar a descobrir quem você é.
Podemos não mudar o Mundo. Mas podemos mudar nossa comunidade. Podemos lutar por ela. Ouvir ela. Ir atrás. Podemos erodir o capitalismo de dentro para fora, como um cupim. Podemos devorar o sistema, como antropófagos. Podemos comer a estrutura lentamente até que ela desapareça não por explosão, mas por erosão. Por desgaste. Por ausência de sentido. Nós lutamos pelo lento. Pelo inconveniente. Pelo humano. Pelo imperfeito, falho e divergente. Nós lutamos pelo nosso direito de sermos imperfeitos, porque a beleza e o mistério da nossa humanidade estão justamente aí. Na rachadura. Na falha. Na imperfeição que a máquina não consegue padronizar.
Se tem algo verdadeiro sobre design, é que você nunca vai estar sozinho. Design é um ecossistema delicado sustentado por história compartilhada, respeito e amor também. As coisas não estão perdidas ou fadadas ao pior.
Tenha a coragem de acreditar em você, nas pessoas ao seu redor e nas que virão. Você não está perdido. Você está aqui. Pare de repetir esse mito de fim do mundo que vai te evadir para sempre. Construa uma vida em comunidade e valorize-a. Não tem nada mais glorioso na face da terra do que alguém que se recusa a desistir, que recusa a ceder ao seu lado pessimista e mesquinho, desencorajado, desiludido, e ao invés disso aprende, lentamente e dolorosamente, a aproveitar o sentimento de construir uma casa ao meio da neblina e da incerteza. Existe uma rachadura em tudo, e é por aí que a luz entra. Viva sua criatividade e deixe ela tomar suas formas. Descubra-a e seja vulnerável na sua experimentação com outras pessoas. Deixe sua comunidade te ajudar a descobrir quem você é.
Portanto, conclamamos nossos colegas, nossos amigos, nossos parceiros de profissão, especialmente os que chegaram antes e têm menos a perder: sejam críticos. Pensem no impacto do seu trabalho. Que valores estão atribuindo às coisas? Que tipo de mundo estão ajudando a construir? Não deixem que impeçam você de pensar por si mesmo. Estriem-se do ego. Do ego de "designer", do ego de "artista". Abracemos a curiosidade. Sejamos vulneráveis para tentar. Peçamos ajuda. Falemos com nossos colegas. Troquemos. Admitamos que o problema é estrutural. Não é você. Não é sua falta de criatividade. Não é seu portfólio ruim. É a estrutura. E estruturas mudam quando pessoas se organizam juntas. Quando descobrem que não estão sozinhas, que podem ser vistas pelo outro.
Toda revolução é coletiva. Independente de qual for. Peçam ajuda. Façam encontros. Conversem. Façam coletivo. Aqui e ali. Ao lado. Ao lado de quem você trabalha. Ao lado de quem você conhece. Imagine quando designers descobrirem o que conseguem ao se juntarem.
Devorar. Metabolizar. Vomitar Brasil.
Des/Ruptiva: um coletivo de prática crítica em design.
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